Minha querida Rita Maria:
...Eis que de repente o vento parou, o céu se abriu e o sol despontou... a brisa fresca e leve no meu rosto tocou, nesse exato momento pensei... onde está você? Talvez longe, talvez perto e eu aqui no atalho dessa vida caminhando ainda no incerto...
Digo isso por estar próximo a velhice, assim busco registrar palavras que eternizem minha existência, com o foco nas lembranças de minha infância, e na rua onde nasci.
Busco a pureza dos tempos idos, trazendo lembranças e magia da água na calçada, mas que não era da chuva e sim da maré alta que parecia me convidar... Vem!! Venha se banhar!!
E em seguida o “Toc..Toc..Toc..” dos dormentes de madeira na ponte Hercilio Luz poucos metros do meu quarto a direta, tocavam como uma canção de ninar na calada da noite serena... alimentando minha imaginação onde o sonho se misturava ao barulho que vinha da minha esquerda onde estavam as fábricas de Pregos e Gêlo, uma para ajudar na construção e outra para se transformar em barras grandes e finas de água sólida que ao serem trituradas conservava os pescados que ali no trapiche do Hoepcke chegavam.
Ah! Minha querida Rita Maria, nome dado a rua em homenagem a uma Mulata benzedeira que ali vivia!!!
Ah minha querida Rita Maria, onde em 1952 eu nascia.
Ó triste Rita Maria que em 1976 foi aterrada, pelo imponderável frescor da ganância não ajustada ao progresso, e então te destruía.
Mas... minha querida Rita Maria, não se preocupes pois eu te eternizei, não só em minha memória, mas no ser do meu ser representados pelos meus filhos e netos, que com certeza irão lembrar você!
*Texto para Sarah Pirath, de seu Tio: Zininho
Fpolis (SC), 15 de Fevereiro de 2015 - Redozino da Silva Filho
Pintura a óleo de minha irmã Marlene Maciel (Rita Maria e Trapiche Hoepcke nos anos 60)
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